11/12/2012

Pequeno dicionário de Yoga





Essa matéria saiu no Yoga Journal, para quem está entrando no mundinho do Yoga é muito util! E para quem já frequenta faz algum tempo, é bom também, para adquirir novos conhecimentos!


Organização: G. Costa

advaita
“Não-dualismo”. O Advaita Vedanta é um sistema metafísico exposto nas escrituras antigas chamadas Upanishads e outros textos baseados nelas.


ahimsa
“Não-violência”. Um dos cinco yamas, proscrições ou preceitos de conduta do Yoga de Patañjali.


aparigraha
não possessividade, desapego. Um dos cincoyamas do Yoga Clássico.


asana
“Postura”, “assento”. Exercícios psicofisiológicos do Yoga, definidos pelo sábio Patañjali como sthirasukham, firmes e agradáveis. Este termo se presta a duas interpretações: por um lado, asana significa lugar para sentar, assento de meditação e, consequentemente, as posturas que o praticante assume para concentrar-se, meditar ou fazer exercícios respiratórios. Por outro, as formas “físicas” do Hatha Yoga (lê-se “âssana”).


ashram
Comunidade de praticantes de Yoga.


asteya
“Não-roubo”. Um dos cinco yamas, preceitos éticos do Yoga. Asteya significa não roubar, não cobiçar ou invejar bens ou conquistas de outrem.


atman
“Ser”. Eu, anima, alma, princípio auto organizador do ser.


avidya
“Não-saber”. Ignorância metafísica. O maior dos obstáculos à iluminação (samadhi), pois é nele que se originam todos os outros, conforme o Yoga Sutra.
Bolster


bandha
Contrações de plexos, nervos, órgãos e glândulas, que funcionam como interruptores do fluxo energético no organismo. Exemplos: jalandhara (contração da garganta), uddiyana (contração do abdome) e mula(contração do assoalho pélvico). Por meio dessas contrações, o praticante força o ar vital apana vayu a ascender, e o vayu prana a descer, confluindo ambos na altura do umbigo.


bhastrika
Técnica de pranayama conhecida como “respiração do fole”.


bolster
Almofadão usado como acessório em práticas de Hatha Yoga.


brahmacharya
Continência, não desvirtuar a sexualidade. Um dos yamas.


chakra
“Roda”, “disco”. Os chakras são centros de captação, armazenamento e distribuição da força vital no corpo sutil. O organismo funciona como um receptor de prana cósmico, captando energia do ambiente por meio dos chakras. Existem milhares de pequenos chakras no corpo, marmas, mas, para efeitos da prática, importam os sete principais, ao longo da coluna vertebral e na cabeça.

Chakra

Chandra
Lua.


chitta
“Consciência”. No Yoga Sutra, chitta é a o poder interno que cria as sensações de cognição e retenção.


dharma
Retidão, justiça. Dever, valor ético. Aquilo que apoia, que mantém unidas as pessoas.


guna
As qualidades que definem, por meio da sua interação, todo o mundo manifestado. São três: tamas, imobilidade, inércia; rajas, atividade, ação; e sattwa, equilíbrio, perfeição.


guru
Mestre espiritual.


Hatha Yoga
Método de Yoga que almeja o despertar da energia potencial por meio do aperfeiçoamento e da purificação do corpo físico, da manipulação da força vital e das técnicas contemplativas.


Ishvara
Deus ou Senhor.


ishvarapranidhana
Entregar-se e oferecer todas as ações a Deus, sem apegos aos frutos das nossas ações. Quinto preceito ético (niyama) do Yoga clássico.


japa
Repetição mental ou verbal de um mantra com o objetivo de atingir estados superiores de consciência.


jñana
“Conhecimento”, “sabedoria”.


kaivalya
Estado último do Yoga, liberdade.


kapalabhati
Respiração do “crânio brilhante”.


karma
“Ação”. Este vocábulo deriva da raiz kr, que significa fazer, agir, criar. Karma pode traduzir-se como ação ou dever moral, o resultado das ações, a lei de causa e efeito. A teoria do karma afirma que a ação e a reação configuram dois aspectos da mesma realidade. Ao mesmo tempo, a noção de karma não tem nada a ver com fatalismo ou determinismo (embora o efeito esteja potencialmente contido na sua causa): muito pelo contrário, é uma realidade que pode ser modificada, uma espécie de destino maleável.


kirtan
Celebração, glorificação. Cânticos devocionais dirigidos às diferentes deidades hindus.


klesha
“Dor”. Os kleshas são os aspectos dolorosos da consciência, as misérias existenciais: ignorância, egoísmo, exaltação das paixões, aversão e medo da morte.


kumbhaka pranayama
Exercício respiratório em que a ênfase está na retenção da respiração.


Kundalini
Forma em que Shakti, a energia primordial, está presente no ser humano: a energia ígnea que permanece em estado latente na base da coluna na forma de uma serpente.


maha
Grande.


mantra
Som, palavra ou frase sagrada, geralmente usado como foco em práticas meditativas.


mat
Tapetinho, esteira para praticar as posturas de Hatha Yoga.


moksha
Libertação.


mudra
Selo. Um gesto de mão ou do corpo inteiro. Ou uma designação da parceira sexual feminina no ritual tântrico.

muni
“Silencioso”. Um asceta, representação da mais elevada espiritualidade.

nada
Som. O som interior que pode ser ouvido pela prática de Kundalini Yoga ou Nada Yoga.

nadi
“Rio”. As nadis são os 72 mil canais do corpo sutil por onde flui a força vital (prana).

nadi shodhana
Purificação dos canais sutis. Pranayama de respiração alternada.

namaste
Prestar homenagem, glorificar. É a interjeição de saudação na Índia.

nauli
“Rolamento”. Uma das seis purificações (shatkarmas), que consiste em fazer uma automassagem abdominal, isolando o músculo reto, pressionando os órgãos internos contra a espinha dorsal e elevando ao máximo o diafragma, ao mesmo tempo em que se imprime um movimento ondulante à musculatura do ventre.

neti
Outra das seis purificações, é a lavagem das fossas nasais.

niyama
“Observância”. As cinco prescrições de conduta do Yoga Clássico: purificação (shauchan), contentamento (santosha), esforço concentrado da vontade (tapas), estudo de si mesmo e das escrituras (swadhyaya) e consagração a ishvara (ishvarapranidhána).

Om
O mantra original que simboliza a Realidade suprema e é anteposto a diversos sons mântricos. 



Padmasana
Postura do lótus.

Patañjali
Codificador do Yoga Clássico (Ashtanga Yoga) e autor do Yoga Sutra.

prana
“Força vital”, “energia”; a respiração como manifestação externa dessa força vital sutil.

pranayama
“Expansão da força vital”, exercícios respiratórios.

pratyahara
Traduz-se como abstração ou retração dos sentidos, o quinto membro (anga) do caminho óctuplo de Patañjali.

props
Nome comum dos acessórios usados na prática de Hatha Yoga, como cinta e almofada.

puja
“Adoração”. A adoração ritual, um aspecto importante de muitas formas do Yoga, especialmente do Bhakti e do Tantra.

Raja Yoga
“Yoga real”. Designação medieval do Yoga Clássico de Patañjali.

sadhana
“Meio de realização”. Caminho espiritual que conduz à perfeição (siddhi); prática cotidiana de Yoga.

samadhi
“Iluminação”. Objetivo final do Yoga. Mais do que um estado, o samadhi é uma “área de conhecimento” que abrange diversos graus de hiperconsciência. É a oitava e última parte do Ashtanga Yoga. O êxtase ou união no qual o meditador se une ao objeto de meditação.

samsara
Existência condicionada. Designa a experiência do mundo como algo instável, contingente e volúvel. O objetivo do Yoga é libertar o indivíduo.

samskara
As raízes profundas dos condicionamentos humanos, de caráter kármico e inato.

sankalpa
“Construção mental”. Resolução interior, técnica de mentalização utilizada para desenvolver, unificar e direcionar a força do pensamento.

santosha
Contentamento. Um dos cinco niyamas.

sat-sanga
A prática de freqüentar a boa companhia dos sábios, santos, adeptos realizados e seus discípulos.

satya
Verdade. Um dos cinco yamas, consiste em fazer coincidir pensamentos, palavras e atos.

shakti
Poder, energia. A Realidade suprema em seu aspecto feminino.

shala
Escola ou sala de Yoga.

shanti
Paz.

siddhi
Perfeição. São poderes paranormais que advêm como resultado do samadhi.

soma
Seiva da imortalidade cuja ingestão ritual forma parte central do culto védico.

Surya
Sol.

svadhyaya
Estudo de si próprio e das escrituras. Um dos cinco niyamas.

swami
Mestre de si próprio, aquele que atingiu o grau do não-condicionamento. Título respeitoso dado aos iniciados no Yoga.

Tantra
A tradição do Tantrismo, que tem por centro o aspecto shátkico da vida espiritual.

tapas
“Calor”. Auto-superação, mérito, dever. Um dos cinco niyamas do Yoga Clássico. Consiste em transcender pela força de vontade as limitações naturais.

trataka
“Fixação”. Uma das seis ações (shatkarma), é o grupo de exercícios de fixação ocular, que servem para limpar e tonificar os músculos e nervos ópticos, assim como para descansar a vista.

ujjayi
“Respiração vitoriosa”, com um som característico produzido pela contração da glote.

Upanishad
Tipo de texto sagrado que representa a última parte da revelação hindu, de onde vem a designação Vedanta (fim do Veda).

vairagya
Desapego do fruto das ações.

vayus
Os “ares vitais” são os diferentes comprimentos de onda que assumem a força vital, de acordo com a direção predominante de sua circulação.

Vedas
“Conhecimento, ciência sagrada”. O conjunto dos conhecimentos sagrados contidos nos quatro hinários védicos que constituem a própria fonte original do hinduísmo: Rig-Veda, Yajur-Veda, Sama-Veda e Atharva-Veda.

yama
As cinco proscrições já citadas: ahimsasatyaasteyabrahmacharya aparigraha.

yantra
Desenho geométrico que representa o corpo da divindade em que se medita, usado para a meditação.

Yoga
“União”. A disciplina unitiva pela qual se busca a liberdade eterna.

Yoga Sutra
A compilação de aforismos de Patañjali que constitui a fonte do Raja Yoga, também chamado de Yoga Clássico.

yogi
Praticante de Yoga; quem vive em Yoga.

yogini
Feminino de yogi.

yuga
“Era”. Uma divisão do tempo.



Fontes:
Dicionário de Yoga, Pedro Kupfer;

Uma visão profunda do Yoga, Georg Feuerstein;

O coração do Yoga, T. K. V. Desikachar;

04/12/2012

Carma e Samsara


Elementos comuns em grande parte das religiões indianas, carma e samsara são conceitos fundamentais na compreensão da existência humana para determinadas religiões, como o hinduísmo, jainismo, siquismo e budismo. Na verdade, observando a significância de cada um deles, podemos ver que carma e samsara operam em conjunto na interpretação da vida e do processo de elevação espiritual.

De modo mais amplo, o carma funciona como uma espécie de lei de causa e efeito, no qual cada atitude, assimilada durante a vida, tem peso vital para as características a serem assumidas em uma próxima existência. Em outros termos, isso significa dizer que as características localizadas em sua existência atual são o resultado das escolhas e atitudes tomadas em outras vidas anteriormente assumidas.

Ao perceber os sucessivos renascimentos que o carma estabelece, observamos o desenvolvimento do samsara. Negando uma visão linear e progressiva, o samsara engloba todo o ciclo de renascimentos que um indivíduo assume. Na medida em que continua tomado por insatisfações e desejos, o indivíduo fica preso a esse ciclo de renascimentos. Conforme consolida bons carmas, ele pode superar esse processo circular com o alcance do nirvana. Samsara pode ser descrito como o fluxo incessante de renascimentos através dos mundos.

 sânscrito-devanagari: संसार: , perambulação

Segundo cada tradição religiosa indiana, vemos que a reencarnação e o carma assumem lugares relativamente diferentes. Para os hindus, a alma é vista como um dado concreto e que migra ao longo do tempo em busca da salvação. Já os budistas renegam a identificação de uma alma estável para defender o princípio de que a carga dos carmas é que se transporta ao longo das existências assumidas. Por outro lado, os jainistas pregam que o carma seja uma substância atômica integrante da alma.

Quando atinge o nirvana, o seguidor de uma dessas religiões supera o sofrimento e o ciclo de renascimentos que se perpetuaram pelo samsara. A superioridade da existência vivida no nirvana é de uma magnitude tão elevada, que nenhum tipo de descrição terrena seria capaz de explicar suas características. Sendo um tipo de elevação inimaginável, ela não pode ser equiparada ao alcance da vida eterna, prestigiado em certas religiões.




Fonte: Brasil Escola